A cantora Gal Costa, um dos maiores ícones da música popular brasileira e representante do Tropicalismo, morreu nesta quarta-feira (9), aos 77 anos. A artista era uma das principais atrações do festival Primavera Sound, realizado em São Paulo, no último fim de semana, mas teve a participação cancelada às vésperas do evento. Gal ainda tinha os shows da turnê “As Várias Pontas de uma Estrela” marcados para dezembro e janeiro.
Com sucessos marcantes como “Baby”, “Meu bem, bem mal” e “Chuva de prata”, entre outras canções, Gal Costa é considerada uma das maiores vozes de sua geração. No banco de dados do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), a cantora possui 1.080 gravações cadastradas.
Trajetória de Gal Costa
Nascida Maria da Graça Costa Penna Burgos, no dia 26 de setembro de 1945, em Salvador, na Bahia, Gal começou a cantar ainda na adolescência, em festas escolares. No início dos anos 1960 fez sua grande estreia na música, ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Tom Zé, no espetáculo “Nós, Por Exemplo”.
O primeiro álbum de estúdio da cantora foi lançado em 1967, mas foi no ano seguinte que a cantora caiu nas graças do público brasileiro, quando gravou o álbum “Tropicália ou Panis et Circenses”, em parceria com Caetano, Os Mutantes e Gilberto Gil.
O historiador Frederico Tomé destaca que Gal iniciou sua carreira em um momento difícil, em um contexto de tensões políticas no Brasil, quando aconteceu o golpe militar. “Inaugurando, assim, uma ditadura, que até então, não sabia que duraria 21 anos. Seus parceiros mais próximos foram presos, exilados, e de certa maneira, Gal Costa levou adiante aquilo que seu grupo de amigos se propôs a fazer, né? A tropicália”, explica.
Tropicália foi um movimento que lutou contra a ditadura por meia da arte e da música, no qual Gal Costa foi um dos nomes de destaque. De acordo com o especialista, a artista não foi um grande nome apenas por conta da voz, mas também pelo comportamento. A cantora não fugiu de suas responsabilidades como cidadã e sempre se posicionou à frente de temas polêmicos. “Ela permaneceu no Brasil e manteve essa postura de enfrentamento. Sempre levando em consideração ou colocando à frente seu corpo, seus desejos, as suas vontades”, informa Frederico.
O historiador ainda diz que Gal estava à frente de seu tempo, e que colocava o corpo à mostra em shows e capas de discos, que foram censuradas. “Contribuiu muito para uma afirmação da mulher no cenário musical, no cenário político, no cenário social brasileiro. É uma perda irreparável”.
Com 57 anos de carreira, Gal Costa se consolidou como uma das protagonistas do MPB e não parou de produzir músicas desde então, com mais de 40 álbuns lançados entre discos de estúdio e ao vivo. “Nenhuma Dor”, de 2021, foi seu último lançamento e contou com a participação de Criolo, Seu Jorge, Zeca Veloso e Silva.
Fonte: Brasil 61
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